Crônica – Poetisa Gracinda Rodrigues

DEPOIS DOS SESSENTA, NESSE MUNDÃO

“A vida chega a ser engraçada”
Viver depois dos sessenta
Muitas pessoas te olham
As pessoas chegam até perguntar, qual a tua idade?
Nossa! Você já tem tudo isso?
Como se fosse irreal!
As pessoas ficam assombradas com as pessoas idosas
Como se um dia lá não irão chegar, como qualquer ser humano,
Ou, acham que é um desafio a natureza…
Ou, acham que é alguma doença…
Ou, talvez saiba que lá não chegará!
Coitados desses jovens… Eu tenho dó!
“Nem todos os jovens pensam assim graças a Deus”
Se não o mundo já estaria totalmente destruído
Chegar depois dos sessenta é bom para recordar
Sempre com fé agradecer e pedir para os jovens não sofrer
Nós os idosos devemos deixar bons exemplos
Sei, é difícil, mas, não custa tentar deixar bom exemplo:

  • Quanto mais eu conheço as pessoas poderosas,
  • Quanto mais eu conheço pessoas que se acham superiores
    Mais acho que devem aprender a viver, respeitar e se amar,
    Eu sinto e vejo que as pessoas não aprenderam nada nesta vida
    Quanto mais eu descubro das pessoas, acumulo mais decepção,
    Quanto mais eu exploro das pessoas, mais entristece meu coração,
    Quanto mais animais encontro abandonados mais fico decepcionado
    Sinto que as pessoas deixam o melhor da vida passar sem se amar
    Algumas pessoas são julgadas, são maltratadas e abandonadas,
    Sem oportunidades, sem trabalho, sem compreensão,
    As pessoas simples, os humilhados sempre estão a agradecer,
    Com fé elevam seu olhar ao céu e pedem para não mais padecer
    As pessoas com poder, só desejam enriquecer,
    As pessoas com poder, acham que não vão adoecer e morrer,
    Algumas pessoas vivem sem sentir o sabor de viver
    Algumas pessoas vivem pela maldade e pela vaidade
    Vejo que algumas pessoas deixam passar as oportunidades
    Vejo o ser humano se destruir, com ódio, e os pobres explorando,
    Vejo o ser humano descartar os desfavorecidos
    Os deixando morrer na sarjeta, na pobreza sem teto para morar,
    Morando em lugares insalubres, com esgoto ao céu aberto,
    Miséria, pobreza é o que estamos a ver e temos como mostrar,
    Chegar acima dos sessenta anos não sendo humilhado é uma glória
    Felizardo aquele que conquistou seu espaço de cidadão
    Mas, aquele que por qualquer motivo não conseguiu,
    Ter seu espaço na sociedade, não conseguiu adquirir bens materiais,
    Chegou aos sessenta anos e não conseguiu comprar sua própria casa
    Essas pessoas com exceção são banidas da sociedade
    A sociedade deveria ajudar os pobres que trabalham para ganhar o mínimo
    Os pobres não deveriam viver aglomerados nas comunidades
    Chegou a hora de se resolver, está nas mãos dos Srs. Dirigentes,
    As pessoas estão tristes de quarentena, sabem de uma coisa:
    Quem está a orar são os humilhados, os condenados a pobreza,
    Chegar à idade acima de sessenta de cabeça erguida é uma benção
    Espero que você que está a ler chegue aos sessenta
    A alegria, o prazer inigualável e muito glorificante,
    Todos deveriam também chegar com saúde, moradia e educação,
    Mas, fico a pensar: Será que toda pessoa aos sessenta chegará?
    Todos deveriam chegar, vamos esquecer as tristezas, para começar:
    Vamos esquecer as diferenças financeiras
    Vamos esquecer as diferenças da idade
    Vamos respeitar as diferenças de classe social
    Vamos a todos respeitar, vamos povo amado acordar,
    Todos têm o direito a viver, sem preconceito para melhor viver,
    O mundo está a modificar, Deus está para chegar,
    Faça sua parte acorde ainda dá tempo.

Poeta: Gracinda Rodrigues Cordeiro
Rio, 13.05.2020

Poema : Cordel- Poeta Jorge Furtado

A cultura cearense
Sofreu da morte tirana
Um grande golpe fatal
Neste final de semana
Morreu Evaldo Gouveia
E Arievaldo Viana.

Evaldo era seresteiro
Tendo por berço Orós,
Com seu talhento brilhante
Encantou a todos nós
E fez, por todo esse mundo,
Ecoar a sua voz.

Arievaldo viana,
Bom poeta popular
Era o rei da gaiatice;
Afirmo sem duvidar
Autor de vários cordéis
Uma obra de admirar.

Evaldo com suas canções
Deu fama pra muita gente
Altemar Dutra eu destaco,
Outro artista competente
Interpretou muitas delas
Com seu carisma envolvente.

Ari era meu amigo
Um excelente camarada
Toda vez que eu o encontrava
Contava uma nova piada
Con seu jeito irreverente
Nem esquentava com nada.

Evaldo o vi uma vez
Lá no centro cultural
Lhe entreguei um cordel
E ele achou legal
Me deu até uma ajuda
Até substancial.

Ari dava um show no palco
Em todas as bienais
Era um artista plural
E sempre queria mais
Fazer algo inovador
Nos circuitos culturais.

Partiram pra eternidade
Mas deixaram um bom legado
Espero que o nosso povo
Valorize de bom grado
A obra desses dois gênios
E não seja alienado.

Jorge Furtado

Crônica – Professor Jorge Passinho

Fábulas ludovicense : O Relógio e a Rede

Não fui educado para usar relógio, mas as vezes, uso. Nesse dia resolvi colocar um relógio no pulso. Estava trabalhando quando lembrei que tinha $10,00 na carteira e onde almoçava ainda não aceitava cartão, resolvi passar no banco e como de costume, estava fora do ar. Fui no Mateus da cidade operária, o caixa eletrônico também fora. Então fui até a lotérica que ficava num posto de gasolina. Cheguei lá uma fila quilométrica, pensei em desistir, mas algo não deixou que eu fosse embora. Um vendedor de redes me ofereceu uma bela rede, $150,00, eu despachei ele de cara, ele não ficou muito satisfeito, me olhou como se xerocopiasse minha alma e seguiu oferecendo a rede na estática fila, não demorou, ele estava de volta e baixou o preço pra $50,00, e começou a falar que era do Ceará, blá blá blá…perguntou se eu era cearense, eu respondi que “talvez tenha sido, tenho muita afinidade com o povo cearense.” Ele respondeu “eu sabia, assim que bati o olho em vc, tive certeza, pois me ajude aí, tô precisando de $20,00 e se vc me der mais esse relógio, a gente fecha o negócio.”
Eu respondi “essa máquina do tempo não tem preço pra mim, ela tem um valor sentimental muito forte, ele está até sem bateria, uso pelo sentimento que ele me dá, não sei se o Sr entende.”
Ele não desistiu e baixou mais a oferta, “$10,00 e mais o relógio.”
Nessa conversa a fila tinha dado um passo. Eu então percebendo que o vendedor não ia me deixar em paz, aceitei a oferta, tirei o relógio do pulso e meus últimos trocados e consegui faze-lo ir embora feliz da vida. Coloquei a rede no ombro e vamos pra fila quando um casal que chega para ficar atrás de mim na fila, fala “que rede bonita, dou $50,00 agora nela, o que o Sr. Acha.”

  • vendido.
    No caminho para o almoço fiquei pensando como a vida é cheia de acasos que não podemos desviar.

“Ninguém quer a morte, só saúde e sorte.”
(Gonzaguinha)

Cuide-se bem.
Saúde, força e fé para todos nós.

Jorge Passinho.