Poema : Poetisa Michele Mi “A Maravilhosa”

Sossega alma aflita

Ampulheta corre depressa
E minha alma ainda neste lugar
Meu peito dilacera, sensação de compressa
Já nem consigo mais chorar

Feito criança prestes a nascer
Presa dentro de uma bolha
Desejo constante do novo amanhecer
Fim do efêmero, escrita da última folha

Onde está o meu alento
Diante tempos insuportáveis?
Tamanha ansiedade tornam ponteiros mais lentos
Sensação de dias infindáveis

Sossega alma aflita
Repousa em paz sensível coração
Amiga sabedoria nos ensina
A ter o sentimento da compreensão

Ensinar o próximo a ter paciência
Parece uma coisa tão singela
Mas para senti-la em nossa consciência
É preciso trabalhar muito nossa própria terra

São nas horas das adversidades
Que mostramos nossa fortaleza
Mãos dadas com a vida, cumplicidade
Frutos advindos da nobreza

Somos um ponto no infinito
Dentro de uma grandiosidade
Aguardando conclusão de um ciclo
Verdadeira liberdade

Sossega alma aflita
Repousa em paz o coração
Amiga sabedoria nos ensina
A ter o sentimento da compreensão

Por Michele Mi❤️

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Poema: Poetisa Fernanda Rocha A Guardadora de Palavras”

VIAGEM A DOIS

Sempre tivemos momentos
Sempre nos acreditámos
Lado a lado
Sem perguntas
Seguimos a mesma rota
Viajantes da paixão
Corremos os continentes
Sem barco nem avião

Percorremos nas viagens
O destino que é a vida
Sem nunca andar à deriva
Fomos pastores da alvorada
Pioneiros do amor
Entre o sonho e a loucura
Fomos dois nesta aventura
Por dentro do coração

O sonho marca a viagen
Entre pessoas diferentes
Vencemos os obstáculos
Unidos pela paixão

Sempre tivemos momentos
Quando a noite se acendia
Olhos nos olhos seguimos
Por dentro dos sentimentos

A viagem desta vida nunca será utopia

A Guardadora de Palavras
Fernanda Rocha

Crônica : Professor Zé Carlos

POR ENTRE MEUS CAMINHOS

Hoje, amanheci tão saudoso e necessitado de um abraço. Mas, não um abraço qualquer. Nem um abraço mole e cansado. Só me interessa um abraço nascido do seio da terra.
Irmano-me, assim, a quem respira a terra mãe; pois, ainda que tenha tido, em meu exílio, uma acolhida leve e amena, sinto-me um nômade, “vagante”, em estrangeira terra.
Terra, em que a aragem e o calor abrasante não me causam o mesmo efeito, ainda que meu coração dispare à procura da gaiata e fogosa brisa vespertina. Afinal, sou um rebento do chão voraz e ardente. Em definitivo, a Baixada é o combustível, único, a me tornar umbilicalmente dependente e prisioneiro às minhas raízes.
Só me sinto seguro em suas veredas. Em outras, até não me reconheço, como não reajo nem encontro os mistérios, que me aguça(ra)m a percepção. Até os medos são medrosos, e outros, e não me atraem, para me tornar forte e lutador, um vivente das histórias, minhas e dos meus, a me carregarem em vitoriosa e saudável jornada.
Hoje, só quero as cores, que exalam os aromas da infância e saúdam a alvorada, a explodir-se em novo começo. Só quero, de novo, encontrar o mais pecante carmim, a assinalar o peito das graúnas, a coalharem, em seus voos rasantes, o meu horizonte e, por último, me deleitar com a elegância das “galças”, no sacro palco dos meus primeiros e decididos passos.
Passos, que já cambaleantes, viajam sem identidade. Afinal, as caducas pegadas já não deixam as minhas marcas. Perderam-se na maciez e na umidade do mais viril capim, tão mergulhadas no afeto do sereno, a me despertar no meio da madrugada.
Resta-me a melhor certeza. Sei que não estou sozinho. A terra mãe guia-me os passos. E, com essa plena certeza, só atestarei a minha ausência, quando senti que as suas lembranças já se tornam desbotadas e não mais as trago comigo!

Zé Carlos Gonçalves